quarta-feira, 9 de julho de 2008

Toque de Batom

Querendo lhe encontrar...
Com pontos e traços rabisco,
Projeto o seu rosto.

Nos olhos, vestígios de desilusão.

Modelando os seus lábios
Encontro o sorriso
Pálido,
Insípido
E sem tom.

Não fique triste!
Você é capaz, é linda!
Tire da bolsa aquele batom
De cor... Não importa,
Dê um retoque e

REALCE.

Caça ao Tesouro

Se você procura o caminho,
Passeie.

Se você procura o afeto,
Ame.

Se você procura a resposta,
Pergunte.

Mas, se você procura um amigo,
Encontre-lhe primeiro
E achará um alguém
Para caminhar,
Amar,
Conversar
E procurar.

Tradução de Você

No idioma do seu amor
Você se produz.

O seu brilho
Confunde-se com o luar
Que reflete projeções
Tragadas pelos néons personificados.

Você chama,
A sua voz
Dissipa-se com a brisa vadia
Que se refugia dos sibilos
De vendavias estéreis.

Você chora,
Suas lágrimas
São embebidas juntas ao orvalho
Pelos áridos chãos de nós.

Você se enfeita,
Você se encanta,
Você se engana.

Você precisa encontrar alguém
Que enxergue além de sua aparência
E fale a sua língua.

Binário Ser

Exorcizemos velhas crenças...

Não sobreviveriam
Os nossos deuses,
Se não inventássemos
Os nossos demônios.

Como sublimarmos nos acertos
Sem termos nos permitidos errar?!

O Bem e o Mau
Estão germinados dentro de nós,
É da natureza do ser humano.
Equilibrando-nos e/ou
Desajustando-nos;

Nós os despertamos
Pelas nossas conveniências.

sábado, 5 de julho de 2008

Segunda-feira

Passam apressadas, sem tempo.
Não se olham,
Não se falam
E nem se tocam;
Andam em linhas cruzadas sem vértice.

Cronômetros em seus passos
Numa pressa impermeável, chegar!

Café da manhã,
Trânsito,
Cartão de ponto,
Patrão,
Hora extra,
Comissão,
Assédio,
Vale transporte,
Greve,
Cliente,
Promoção,
Vale refeição,
Licença,
Salário família,
Final de semana,
Coação,
Aviso breve,
Demissão...

Estas e outras preocupações
São bombardeadas em nossas cabeças,
Todos, sem tempo para brincar de amor.

Somos herdeiros de uma casta de sobreviventes.

quarta-feira, 5 de março de 2008

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Com você
Eu quero correr entre o vento de leste,
Eu quero procurar São Jorge na lua,
Eu quero andar sobre conchas desertas,
Eu quero recitar um verso de Fernando Pessoa.

Eu quero tanto!
Como eu quero.

Envolver-me em sua nudez mulher,
Juntos, encontrarmos os seus pontos A, G e Z.
Homogeneizar nossas anatomias,
Em comunhão gemermos em gozos.

Eu quero tanto!
Como eu quero.

Porém, você se faz indiferente,
Talvez, não faço o seu tipo, sei lá!
Esperando enclausuro o meu querer
Na perplexidade do meu silencioso olhar.

domingo, 2 de março de 2008

Gênese

No início,
O Universo.
Depois,
O mundo.

Pouco a pouco
Um continente,
Um país,
Um estado,
Uma cidade,
Um bairro,
Uma avenida,
Um endreço,
Um quarto,
Uma cama
Um corpo.

Você...

O oculto mostrou-se,
A distância nos aproximou,
O conhecimento e a ignorância integraram-se.

Os nossos corações
Em linguagem indecifrável pela razão
Entrelaçam-se.